O elevador parou no décimo quarto andar.
Para não perder a viagem,
Decidiu subir mais um lance de escadas.
Décimo quinto andar:
O olho se enche de uma lágrima grossa, rançosa, ressentida,
amarga da curta vida.
Preparando para ser fixador da fotografia
do enorme campus a ser gravada na retina.
A vista mais distante pede para não ser parte do cenário.
(Talvez não seja tão feio morrer com um ipê-amarelo nos olhos).
O nó na garganta se trava
O parapeito é que é muito alto
Para qualquer último salto
E não lhe resta mais palavra
Talvez reze,
Talvez peça que não seja pecado o seu ato
Talvez respire assim tão fundo
Que todo oxigênio do mundo
Não caiba dentro do pulmão
Talvez pense:
Aqui se acaba a solidão!
Abre as asas previamente derretidas pelo sol, pelos risos,
Pelas penas a serem defenestradas
As penas se espalham
São negras, azuis e amarelas
tingidas com a anilina mais barata,
dessas que se desbotam na chuva
(Como as de quem não primou por um acabamento perfeito)
A cera goteja
E assim se esparrama no chão
Cobrindo todo seu corpo
Como casulo de abelha
E é vermelha
tão vermelha
que tem cor de telha
Aquela cera
2 comentários:
e o prédio da morte rende mais um poema
Ainda há muitos a serem escritos por aquele prédio.
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