sábado, 4 de junho de 2011

Poesia Concreta

Se minha poesia fosse concreta
Atiraria vigas em seus ouvintes
Causaria desabamentos rotineiros
e insistiria em deixar encarceirados
Dentro de minúsculos cubículos
ou por debaixo dos entulhos
todos que nos trucidam diariamente

Se essa poesia fosse concreta
Subiria as encostas dos morros
taparia as passagens da água
E haveria mais enchentes
E desastres que de costume

Se essa poesia fosse concreto-armado
Armaria toda a população com fuzis, escopetas,
Alguns homens de verdade teriam canhões,
Outros pistolas e facas amoladas nos dentes!
Guilhotinaria nosssos reis e sultões
sob os seguintes dizeres:

"Todo bom cidadão
tem por direito
Matar um mau político"

Minha poesia, porém,
não é concreta!
Ela é tão abstrata
Que nem eu sei
sobre o que escrevo!


2 comentários:

Fred Caju disse...

É bem por aí! O discurso da poesia tem que sair do papel!

Lucas Holanda disse...

Sair do papel e acertar algumas cabeças, mesmo que sangre!